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PNBL e o jeito mineiro de ser

Comendo pelas beiradas. Este é um dos jargões populares quando alguém quer definir o jeito maroto do mineiro, aquele indivíduo reservado, desconfiado de tudo, atento a tudo que está a sua volta e que somente se pronuncia quando estritamente necessário. Como boa mineira que é, a Presidenta Dilma Rousseff está levando para o Palácio do Planalto, em Brasília, este modus operandi, completamente diferente de seu antecessor, Lula.

Agindo desta forma, a Presidenta neutraliza uma das principais armas da velha mídia: distorcer o discurso e usá-lo contra quem o fez. Cada entrevista que a Presidenta forneça à velha mídia, pode ser usada contra ela mesma, desgastando sua imagem e sua credibilidade junto ao povo.

Mas ao se reservar, a Presidenta joga para a mídia a obrigação da acusação, o que pode ser entendido pelo público como uma perseguição. Assim, a velha mídia ainda não encontrou um modo de atingir Dilma como fazia com Lula (que falava pelos cotovelos).

Mas não é apenas no tratamento com a imprensa que o jeitinho mineiro da Presidenta pode ser notado e o Plano Nacional de Banda Larga é um bom exemplo disso. Dilma aprendeu duramente no decorrer de sua campanha eleitoral que a internet é uma arma poderosa de divulgação de mensagens e contra-informação e entende que a massificação da internet banda larga poderá livrar o Brasil das tentativas de influência e direcionamento da opinião pública (não gosto de usar o termo manipulação) pela velha mídia, apostando todas as suas fichas no PNBL.

Apesar do anseio de muitos para que a Presidenta consiga implantar uma nova regulamentação para a comunicação no Brasil, o posicionamento de Dilma é o mais acertado para o momento, pois qualquer tentativa de se estabelecer uma nova regulamentação para a mídia no Brasil será vista como censura pelos veículos de comunicação. Dilma ainda não pode bater de frente com estes veículos, pois ainda possuem uma penetrabilidade muito grande na população, principalmente a TV Globo que ainda possui quase 50% da audiência na televisão.

Assim, porque não massificar a internet banda larga, diminuir a penetração dos veículos na sociedade, aumentar o contigente de pessoas que são atingidas por informaçõs e contra-informações além das noticiadas  midia tradicional e, apenas depois disto, dar condições para que a sociedade civil discuta uma nova legislação para os veículos de comunicação no Brasil. Ou seja, porque não “comer a audiência pelas beiradas” como se diz no bom e velho “mineirês” e assim, não ficar exposta aos constantes ataques que a velha mídia certamente irá fazer a Dilma e a qualquer projeto neste sentido.

Um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil é imprescindível, mas a pressa pode ser uma forte inimiga nesta situação. Salve o jeito mineiro de ser.

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