Miège (2000) também resgata as correntes fundadoras dos estudos da Comunicação e da formação do pensamento comunicacional, a saber: o modelo cibernético, a abordagem empírico-funcionalista dos meios de comunicação de massa e o método estrutural e suas aplicações lingüísticas. O modelo cibernético entende a comunicação sob a ótica de uma teoria estruturalista. Em seus estudos em todos os casos existe um emissor, um canal físico, um receptor e um repertório de signos. Desta forma o modelo pretende:
decompor o universo em pedaços de conhecimento, ser capaz de traçar seu roteiro e depois recompor um modelo, simulacro desse universo, aplicando certas regras de reunião ou interdição, mas procura leis de conjunto a partir desses elementos, de oposições pertinentes (figura/fundo), e acaba se tornando uma atitude dialética opondo figura e fundo, formas e mensagens, ordem e desordem, sinal e ruído (MIÈGE, 2000, p. 26)
Já a abordagem empírico-funcionalista “traz em seu bojo (...) o princípio da liverdade da informação e o do liberalismo econômico” (MIÈGE, 2000, p. 33). Ou seja, comunicação segue um linha funcional dentro do esquema da interação humana. Precursores desse pensamento foram Paul Lazarsfeld, Carl Hovland e Harold Lasswell. Por fim, o modelo das aplicações lingüísticas adentra no campo da semiologia e da psicologia.
Desta forma, a pesquisa em comunicação se torna um objeto de pesquisa em si mesmo, pois a falta de um consenso e um padrão metodológico próprio abre inúmeras possibilidades de pesquisa realizadas dentro de uma interdisciplinaridade com outros campos científicos. Assim, no alvorecer do Séc. XXI surge com maior força a necessidade de se observar criticamente a pesquisa em comunicação para que se possam apontar quais são os modelos que poderão dar conta de analisar os fenômenos pelos quais a sociedade vem passando devido à popularização das tecnologias da informação. Com o surgimento da internet, o computador pessoal passou a ser também um veículo de comunicação com uma característica peculiar e que se distancia das teorias clássicas da comunicação de massa. Johnson (2001) caracteriza o veículo como muitos-muitos, onde todos podem ser ao mesmo tempo emissores e receptores e há uma grande troca e diversidade de mensagens .
Assim, quais serão os caminhos da pesquisa em comunicação dentro do contexto tecnológico dos meios de comunicação de massa? Qual o melhor modelo de pesquisa? Qual campo científico pode nos dar melhores condições de observar e analisar os fenômenos comunicacionais de nosso tempo? A pesquisa em comunicação deve ter consciência destes problemas metodológicos e contemplá-los no arcabouço teórico de suas investigações.
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