Esta pode ser uma daquelas perguntas na qual a resposta vale
um milhão de Dólares. O que vem depois da televisão? Qual o futuro da televisão
em rede? Ela irá acabar? Por certo não, mas evidentemente ela terá que se adaptar
ao novo cenário que está se formando na sociedade globalizada e em rede.
Na sessão Convergência Broadcast/Broadband, presidida por
Roberto Franco (SET - SBT - Fórum SBTVD) estas perguntas foram feitas, mas é
claro que ainda não foram respondidas. Tendências foram apresentadas, indicando
que estas duas plataformas de distribuição de vídeo irão mesmo se convergir
devido a crescente demanda do consumo online de vídeo, mas esta nova realidade
ainda levará algum tempo para que venha realmente influenciar o mercado broadcast.
Isto porque, no Brasil, a TV aberta vai muito bem. A boa fase econômica
brasileira, frente aos mercados internacionais, trouxe para a faixa de consumo
de produtos eletroeletrônicos uma boa parcela da população. É a chamada
"nova classe C". Mas a desigualdade social ainda é muito grande no
país. Somos o 4º colocado na América Latina, o que limita o consumo de
aparelhos e dispositivos que permitem ao indivíduo receber e compartilhar
conteúdo audiovisual na Web.
Mas todos os membros da mesa e a plateia presente
concordaram que esta situação não irá perdurar por muito tempo e que para migrar para esta nova
realidade com relativa segurança e estabilidade financeira é preciso
compreender as demandas do usuário. O comportamento do telespectador que tem
acesso aos diversos dispositivos de conexão com a internet mudou muito. Além da
audiência estar se fragmentando a cada dia, ela constrói novos hábitos e novos
comportamentos no consumo de vídeos.
A grande questão é que no Brasil estão convivendo duas
parcelas muito distintas: uma pequena parte que possui acesso aos dispositivos
e uma grande maioria que ainda não. Para piorar a situação, para a parcela que
possui acesso, a velocidade das mudanças e ofertas de novas tecnologias é
incrivelmente rápida. Ao se pensar que os Tablets surgiram a pouco mais de
quatro anos e que já estão sendo integrados como dispositivo de segunda tela,
demonstra a velocidade dessas transformações. Esta situação aflige os
radiodifusores, pois economicamente é muito difícil que televisão Broadcasting consiga
atender de forma plena essas duas parcelas da sociedade ao mesmo tempo. A TV
aberta é por natureza generalista, e por conta desta natureza implementou um
modelo de negócio que tem garantido a viabilidade econômica das emissoras até o
presente e que certamente ainda irá garantir por um certo tempo, pelo menos no
Brasil.
Mas, como todo gestor sabe bem, os cenários se modificam e
que ele vai mudar no Brasil já é ponto pacífico para todos os envolvidos desde
a produção até a transmissão de conteúdo. Então qual o caminho? Qual é o futuro
da televisão aberta no Brasil? Ainda é cedo para responder essa pergunta
diretamente, mas já está claro que qualquer que seja esse futuro ele deverá
trilhar três caminhos: uma regulamentação que proteja o radiodifusor da pressão
das empresas de Telecom, inovação na gestão e nos modelos de negócios e a
adesão à nova realidade e demanda de uma sociedade pós Era Industrial.
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